O homem começou a conversar comigo, perguntando como eu estava e sorrindo com sua pele rachada, porém contente. Em uma de suas mãos ele carregava um pedaço de isopor, o qual continha várias esculturas como grilos, formigas, aranhas e um único homem, segurando argolas. Os grilos eram feitos de folhas verdes compridas, que ele dobrava e de algum jeito chegava aquele formato. As aranhas, formigas e o homem eram feitos de arames flexíveis, alguns cor de bronze, outros pratas.
Ainda com seu sorriso no rosto, ele, ao me ver sorrir de volta e respondê-lo com um aceno de cabeça, disse que estava encantado com a minha simpatia, pois a maioria das pessoas simplesmente o ignorava, torcendo o nariz e seguindo em frente. Eu finalmente parei, lhe dando real atenção, mesmo estando ainda um tanto incerta se deveria fazê-lo.
O homem acenou para uma de suas pequenas esculturas no isopor e me perguntou se poderia reconhecê-la. Eu disse que era uma formiga. Com minha resposta ele ficou ainda mais radiante, pegando-a e gesticulando com a pequena formiga de bronze e prata na mão enquanto falava. Contou-me que o ato de presentear alguém com uma réplica de uma formiga representa três virtudes: sabedoria, simplicidade e humildade. As duas primeiras por perceber que existem pequenas, porem importantes coisas por debaixo daquelas grandes e superficiais. Já a última era pelo simples fato das formigas se “cumprimentarem” ao se encontrarem, coisa rara de se ver hoje em dia nos humanos. O normal é que as pessoas passem por você e nem ao menos te dividam um sorriso.
Gabriela Pedroso
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